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Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 7 (II), Trilha 1): Democracia e Povo.

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Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 7 (II), Trilha 1): Democracia e Povo.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Documento simples   Documento simples

Código de referência

PT/ADN/EMGFA/5DIV/022/021

Título

Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 7 (II), Trilha 1): Democracia e Povo.

Datas de produção

1976  a  1976 

Dimensão e suporte

1 ficheiro áudio MP4, 29m51

Registo audiovisual

https://vimeo.com/1085447995

Âmbito e conteúdo

Programa emitido pela Emissora Nacional e produzido pelo Estado-Maior General das Forças Armadas sobre o significado e análise dos termos Democracia, Povo, Democracia Direta e Democracia Representativa e leitura de carta da prima Laurinda ao primo Aníbal. As várias temáticas são intercaladas com música.

Cota antiga

P7P2

Idioma e escrita

Português

Existência e localização de originais

Áudio analógico (em fita de arrasto).

Existência e localização de cópias

Ficheiros digitais WAP (matriz), MP3 e MP4 (derivadas).

Transcrição

07m14: Democracia, vejamos o que é a Democracia. Aqui está uma das palavras mais usadas ao longo do nosso processo revolucionário, para uns tem um significado, contém uma verdade, para outros, outras verdades, outros significados, para todos nós neste País e no Mundo, aqui e lá fora, é uma ideia que a humanidade persegue sem jamais ter concretamente atingido. Façamos uma rápida análise histórica ao significado do termo sem esquecer o seu aparecimento e as razões do seu nascimento.08m44: Democracia é uma palavra de origem grega que associa duas palavras 'demos' que que quer dizer 'povo' e 'cratea' que quer dizer 'governo' resultado desta associação 'governo do povo' assim a democracia dá ao povo o direito de governar, o povo deixa de ser governado para passar também a governar de modo a que todos, o povo, possam ser donos dos seus destinos. Aqui levanta-se um problema que dificulta a compreensão da imagem e da prática da democracia, esse problema diz respeito à interpretação do vocábulo mais ou menos vago, mais ou menos insatisfatório que é 'povo', de facto na palavra povo cabem os ricos e os pobres, os juristas e os criminosos, os exploradores e os explorados, por aqui se pode compreender as dificuldades que há para traduzir na prática um sistema político de autêntica democracia. É por esta razão que aparecem na evolução histórica da democracia duas práticas: a democracia direta e a democracia representativa.10m16: A democracia direta é aquela em que o povo se governa a si próprio, sem intermediários, é o povo que faz as Leis, que produz as mercadorias, que toma as decisões, que elege e que debite, as experiências conhecidas desse tipo de democracia remontam às cidades gregas da antiguidade, anteriormente à era cristã, convém frisar, todavia, que a democracia direta dos gregos excluía dela a maior parte do povo, não podiam votar as mulheres, os escravos e todos aqueles que não possuíam o estatuto de homens livres, por exemplo, os jovens. Posteriormente, a democracia direta só tem sido praticada em momentos muito curtos e durante períodos revolucionários, foi o caso da Comuna de Paris de 1871 e que durou 73 dias, foi o caso dos Sovietes durante a Revolução Russa, até à sua extinção pelo partido Bolchevique, nos nossos dias as teorias socialistas autogestionárias mostram de novo a democracia direta como a única que possibilita afinal a democracia.14m49: A democracia representativa baseia-se no princípio de que o povo governa por ser o povo que elege periodicamente os seus representantes, esses representantes, intermediários do povo, mas eleitos por este, comprometem-se a interpretar fielmente as promessas feitas. Falámos assim de democracia direta e de democracia representativa, até hoje, não foi ainda possível conciliar estas duas formas práticas de democracia, de modo a concretizar-se a liberdade e a própria democracia.22m16: (Prima Laurinda) Querido primo Aníbal, em primeiro lugar, a tua saúde assim como a da Lídia e dos meninos, eu por cá, poucas melhoras do reumático, esta semana tenho-a passado na cama, com febre, a tia Rosa disse-me que é uma gripe de má raça, não te quero maçar mais com os meus males, queria ver se arribava até ao Natal para te mandar o cabazinho da consoada, acostumei-me a isso e não posso quebrar o hábito. Olha primo Aníbal cá recebi as tuas duas cartinhas que gostei muito, dei-as a ler ao Manel da tenda, ele diz que só depois do Natal poderei ir até Lisboa para falar contigo. Nós temo-nos juntado cá em casa, a tia Rita, o Manuel da tenda, a tia Rosa, o nosso primo José para perceber as tuas cartas.23m42: (Prima Laurinda) Temos falado muito, o Manel da tenda anda já há dias a escrever-te, quer que tu expliques melhor, o que mandaste dizer sobre o curso dos doutores em Leis, isso fez-lhe muita confusão à cabeça. O Manel também anda com a ideia de escrever aos militares para eles não deixarem ao abandono os pobres das aldeias. Calcula que me disse há dias que aquelas campanhas de 'naminezação', não sei se está bem escrito, daqui há tempos deviam voltar, mas não para nos venderem a banha da cobra, com palavras que o povo não entende. Diz o Manel que o que é preciso é fazer obras, trazer as águas, a 'letricidade', os esgotos até nossas casas, abrir caminhos para os transportes, nada de conversas, trabalho, trabalho é que é preciso, o 'home' anda mesmo maluco da cabeça, anda sempre a matutar na ajuda dos militares, acha que a tropa podia fazer os transportes dos adubos e das carnes, enquanto não se arranja outro modo.25m00: (Prima Laurinda) Olha Aníbal, desta vez ele vai mesmo ai a Lisboa ter contigo, na ideia de falar aos militares nestas coisas, não sei o que pensas disto, manda-me dizer, não vá ser coisa muito difícil e depois ninguém aqui atura o pobre homem.25m48: (Prima Laurinda) Eu na minha fraca maneira de ver as coisas, acho que ele tem razão, virem para cá para nos ensinar política ou lá o que é, não dá pão a ninguém, mas se vierem para cá para nos ajudar nas nossas lides está tudo bem. Olha Aníbal, pedias-me para ir aí passar o Natal contigo e com os teus, mas a tua prima não está em condições de saúde para grandes viagens, terá de ficar para outra altura, não leves a mal, pois eu bem gostaria de passar a consoada contigo, mas a saúde não me deixa fazer o que quero, pode ser que já esteja melhor quando o Manel da tenda for ter contigo e eu possa ir com ele, sempre ia acompanhada. Por hoje, vou terminar esta, com beijinhos pros meninos e abraço para a tua mulher, para ti Aníbal um grande e saudoso abraço da tua prima muito amiga Laurinda.