Plano de classificação

Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 6 (II), Trilha 1): Independência Nacional e ao Socialismo.

Ações disponíveis

Ações disponíveis ao leitor

Consultar no telemóvel

Código QR do registo

Partilhar

 

Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 6 (II), Trilha 1): Independência Nacional e ao Socialismo.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Documento simples   Documento simples

Código de referência

PT/ADN/EMGFA/5DIV/022/017

Título

Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 6 (II), Trilha 1): Independência Nacional e ao Socialismo.

Datas de produção

1975  a  1975 

Dimensão e suporte

1 ficheiro áudio MP4, 29m49.

Registo audiovisual

https://vimeo.com/1085447749

Âmbito e conteúdo

Programa emitido pela Emissora Nacional e produzido pelo Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), com esclarecimento sobre posição e opinião do MFA no que diz respeito à  independência nacional e ao socialismo bem como a interligação entre ambos. Crítica dos modelos instituídos noutros países e rejeição dos modelos importados com referência à via original para o socialismo, onde os trabalhadores podem interferir no processo revolucionário sem intermediários. Dois anos após o 25 de Abril, ainda não estavam apontadas as várias teorias socialistas, a partir das quais poderia haver uma clarificação política e alterar o caminho até aí vivido e ultrapassá-lo rumo a um horizonte mais humano - o da construção da sociedade socialista. A herança pesada a nível do desenvolvimento económico e do analfabetismo leva à referência aos dois tipos de analfabetismo o puro e o encapuçado, e que ambos constituem o maior crime cometido pelo regime fascista derrubado pelo 25 de Abril. Portugal estava no penúltimo lugar nas estatísticas da UNESCO. Alerta para o cuidado a ter nas políticas da Educação, no cuidado na elaboração dos programas escolares principalmente nos da instrução básica, pois a maior parte dos analfabetos e semianalfabeto eram adultos e pertenciam às classes trabalhadoras dos campos e das fábricas. Das medidas sociais adotadas ao longo do processo revolucionários e que apontam para o socialismo destacam-se as Estatizações, Reforma Agrária e o Controlo Operário. As várias temáticas são intercaladas com música.

Cota antiga

P6P2

Idioma e escrita

Português

Existência e localização de originais

Áudio analógico (em fita de arrasto).

Existência e localização de cópias

Ficheiros digitais WAP (matriz), MP3 e MP4 (derivadas).

Transcrição

01m31: Quando o MFA falou em independência Nacional, falou em socialismo, uma coisa está diretamente ligada à outra, trata-se agora de saber que socialismo? Esta simples interrogação era já em si uma crítica viva aos modelos instituídos noutros Países, era como que uma resposta e a resposta era não queremos modelos importados, devemos estudá-los é certo, aprender com essas experiências, mas ter capacidade crítica para ver os erros de modo a não os repetir. É assim que se começa a ouvir falar em via original para o socialismo.06m18: A via original é o caminho onde existam ao mesmo tempo formas institucionais de democracia formal representativa, os partidos, as liberdades e também as organizações autónomas de base onde se pratique a democracia direta, onde afinal os trabalhadores possam interferir ativamente no nosso processo revolucionário sem intermediários. Ao MFA compete-lhe ser o fiel neste mundo complexo, mas pleno de liberdade onde as contradições aparecem, onde os antagonismos se clarificam, onde a realidades desponta. Neste curto intervalo de tempo, menos de dois anos depois do 25 de abril, não estão ainda claramente apontadas as várias teorias socialistas ou não, é urgente defini-las pois só a partir daí poderá haver uma clarificação política, só neste caso se poderá alterar o caminho até hoje vivido e ultrapassá-lo rumo a um horizonte mais nítido, mais humano, o da construção da sociedade socialista.12m24: Falámos há pouco na herança que nos pesa no campo do desenvolvimento económico, também os problemas do analfabetismo, diretamente relacionados com a tal herança nos deveriam fazer pensar um pouco. O analfabetismo puro ou o analfabetismo encapotado constituem o maior crime cometido pelo regime fascista derrubado no 25 de abril. Realmente para qualquer regime fascista é muito importante manter a maioria das populações, na mais completa ignorância, especialmente as classes trabalhadoras, na ignorância é mais fácil dominar os povos, aterroriza-los, torna-los passivos, de modo a que trabalhem cada vez mais, permitindo assim, índices de exploração muitíssimos elevados e sem correr o perigo de revoltas iminentes, foi esse um dos grandes objetivos dos governos de Salazar e de Caetano, incentivar a ignorância, aumentar a exploração. Encontrar-nos, portanto, hoje, a braços com a herança do analfabetismo, há pouco fizemos a distinção entre os analfabetos a que chamámos puros e os outros, se no primeiro caso podemos encontrar percentagens da ordem dos trinta por cento da população, no segundo caso, não há estatísticas, todavia não andaremos longe da verdade se dissermos, somados os dois tipos de analfabetismo, que temos uns quarenta por cento de analfabetos e semianalfabetos. Estes números espantosos para o nosso continente europeu dão-nos o penúltimo lugar nas estatísticas da UNESCO.15m32: Tudo isto tem forçosamente de se refletir na perspetiva da sociedade nova que pretendemos construir, o problema da educação na via original para o socialismo tem de ter em linha de conta variados fatores, a interpretação menos correta de um deles pode ocasionar sérios prejuízos, daí o cuidado que deve haver na elaboração dos programas escolares, o caso da instrução básica ou primária deve merecer a máxima atenção de modo a obter-se a sua reformulação radical, isto parece-nos da maior importância e urgência, dadas as suas implicações práticas imediatas ou a curto prazo, não esqueçamos também que a maior parte dos analfabetos e semianalfabetos, são adultos e pertencem às classes trabalhadoras dos campos e das fábricas.18m43: Ao longo do nosso processo revolucionário várias medidas sociais foram tomadas e que apontam indiscutivelmente para o socialismo, dessas medidas destacam-se as estatizações, a reforma agrária e o controlo operário, devido à sua grande importância no futuro da revolução portuguesa.19m45: Para que os trabalhadores possam caminhar seguramente para o socialismo e, portanto, estejam em condições de gerir as unidades de produção, é necessário que as medidas progressistas alcançadas, de que se falou à instantes, sejam acompanhadas de uma transformação de todo o sistema educacional a começar pela instrução primária ou básica, aqui e sempre com uma importância muito maior do que todo o restante ensino.21m27: Os programas de ensino terão, pois, de abandonar o aspeto académico das coisas mortas e abstratas para se dirigirem às coisas vivas e concretas. E as coisas vivas e concretas são a possibilidade dos trabalhadores poderem a curto prazo controlar e gerir a produção e as mais valias, de modo a cortar-se o passo às formas conhecidas que conduzem à burocracia de estado, sem este primeiro passo, no campo do ensino, não é possível pensar-se que os trabalhadores poderão exercer de facto o controlo da produção e a gestão das mais valias, pedras fundamentais para a planificação da economia de acordo com os seus interesses.25m31: Insistir na não resolução deste problema, ou seja, o do ensino para permitir aos trabalhadores, como dissemos, o efetivo controlo da produção e da gestão das mais valias, é abrir as portas de par em par a todos os oportunismos, de direita e de esquerda, que mais não fazem do que gerir os trabalhadores, em vez de serem estes a gerir os seus próprios destinos, afinal a trave-mestra por onde passa a via original para o socialismo e para a independência nacional.