Plano de classificação

Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 5 (I), Trilha 2): Nota Oficiosa do EMGFA de 28 de Novembro de 1975 e intervenção do general Ramalho Eanes.

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Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 5 (I), Trilha 2): Nota Oficiosa do EMGFA de 28 de Novembro de 1975 e intervenção do general Ramalho Eanes.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Documento simples   Documento simples

Código de referência

PT/ADN/EMGFA/5DIV/022/012

Título

Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 5 (I), Trilha 2): Nota Oficiosa do EMGFA de 28 de Novembro de 1975 e intervenção do general Ramalho Eanes.

Datas de produção

1975  a  1975 

Dimensão e suporte

1 ficheiro áudio MP4, 29m51

Registo audiovisual

https://vimeo.com/1085447483

Âmbito e conteúdo

Programa emitido pela Emissora Nacional e produzido pelo Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), com leitura de parte da nota oficiosa do EMGFA de 28 de Novembro em que são abordados os temas do desemprego, diferenças salariais entre setores e regiões, reforma fiscal, política salarial, desenvolvimento económico, nivelamentos salariais, projeto socioeconómico. Referência à importância da participação ativa dos trabalhadores no projeto socioeconómico e intervenção do general Ramalho Eanes sobre o Exército e o seu papel na construção de uma sociedade nova. As várias temáticas abordadas são intercaladas com música.

Cota antiga

P5P1

Idioma e escrita

Português

Existência e localização de originais

Áudio analógico (em fita de arrasto).

Existência e localização de cópias

Ficheiros digitais WAP (matriz), MP3 e MP4 (derivadas).

Transcrição

03m24: O programa do Estado Maior General das Forças Armadas, após uma interrupção de uma semana, pelas razões que todos conhecem e que seria inútil estar aqui a explicar, se é que não falamos já longamente delas, volta assim ao convívio dos seus ouvintes, o que para a equipa que o realiza acontece com todos o prazer. Podemos mesmo adiantar que o Estado-Maior General das Forças Armadas admite a hipótese, muito provável, em breve, do programa vir a ser repetido, num dia a meio da semana, em condições e hora a estabelecer, com o maior cuidado e através desta mesma antena.05m07: Estado Maior General das Forças Armadas. Vamos interromper aqui o nosso convívio para escutar o boletim de notícias que a redação da emissora nacional preparou para vós, voltamos logo a seguir.05m46: Estado Maior General das Forças Armadas. Volta a estar no ar através da rede metropolitana da Emissora Nacional, o programa especial do Estado-Maior General das Forças Armadas e que estará nos vossos recetores até às onze horas.06m57: (Pessoa não identificada) Com mãos se faz a paz, se faz a guerra, com mãos tudo se faz, e se desfaz, com mãos se faz o poema e são de terra, com mãos se faz a guerra e são a paz, com mãos se rasga o mar, com mãos se lavra, não são de pedra estas casas, mas de mãos e estão no fruto e na palavra  as mãos que são o canto e são as armas e cravam-se no tempo como farpas, as mãos que vês nas coisas transformadas, folhas que vão no vento, verdes harpas, de mãos a cada flor, a cada cidade, ninguém pode vencer estas espadas, nas tuas mãos começa a liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade.10m49: Em plena crise, o Estado Maior General das Forças Armadas, não só foi capaz de, a nível militar, resolver uma situação que a muitos parecia irresolúvel, sem passar pelos perigos de uma sangrenta guerra civil, como ainda teve engenho para produzir alguns documentos dos mais significativos e cujo alcance político transcende e muito, o próprio momento convulso que se vivia. A este propósito, poderemos falar de uma nota oficiosa do Estado Maior General das Forças Armadas, de 28 de Novembro, portanto em pleno estado de sítio e de que vamos ler, para os nossos ouvintes, largos pedaços, por nos parecer que a sua significação prática irá ser, a todos os títulos, determinante na marcha para a construção da sociedade nova, socialista e democrática que se deseja. É o problema de desemprego, um aspeto fundamental da grave crise económica que o País atravessa, a qual só poderá vencer-se pela via do investimento produtivo, sem o qual não se poderá construir uma nova sociedade em transição para o socialismo, existem e tendem a acentuar-se grandes diferenciações salariais entre setores e regiões que há que corrigir, importando a nível nacional, adotar uma política norteada pelo princípio socialista de retribuição a cada um, segundo o seu trabalho. Para que todos os portugueses participem nos sacrifícios que a crise económica implica, impõe-se, para além das nacionalizações, e da reforma fiscal, já efetuada, a adoção de medidas que atinjam as classes que auferem de rendimentos não provenientes de trabalho. Noutro passo da mesma nota, afirma-se a necessidade de uma política salarial e de rendimentos que vise reduzir as desigualdades existentes e as diferenciações salariais excessivas, que protege os salários mais baixos e tenha em conta as possibilidades reais da economia e a progressão do custo de vida.13m55: Os pontos abordados nesta nota oficiosa deixam prever sem grandes margens de erro opções muito sérias no que se refere ao rumo a traçar para o desenvolvimento económico da nossa terra, é, pois, de prever que a perspetiva económica irá assentar nos setores que mais contribuam, na prática, para um real benefício das classes mais desfavorecidas, de modo a permitir, a correção na distribuição dos rendimentos que possibilite os nivelamentos salariais entre todos os trabalhadores.15m25: Esta perspetiva implica, claro, a participação ativa dos trabalhadores na pesquisa e controlo das mais valias produzidas. Este trabalho deverá ser feito, portanto, pelos próprios trabalhadores, nos seus locais de produção, só assim se poderá dizer que um projeto socioeconómico de acordo e com a participação e controlo das massas trabalhadoras nada tem a ver com as habituais propostas vindas de grupos tecnocráticos cozinhadas nos gabinetes, nas costas dos trabalhadores.17m04: A participação ativa dos trabalhadores no projeto de desenvolvimento socioeconómico será, portanto, um grande salto em frente, só será possível conhecer o significado e o alcance políticos na via para a sociedade nova, quando na prática, a criatividade dos trabalhadores puder agarrar nas suas mãos a responsabilidade completa da sociedade que se pretende construir.19m57: Tendo em vista que a emancipação dos trabalhadores é obra deles próprios, não se pode imaginar, como será possível reduzi-los aos sistemas clássicos de representatividade. Já sabemos que as propostas clássicas são limitadas, é preciso saber ultrapassá-las tendo bem presente a realidade do nosso povo, do nosso País, mas também é necessário marchar vigorosamente neste caminho, que é afinal o único capaz de nos rasgar os horizontes da independência nacional.21m12: (General Ramalho Eanes) Considerando que os objetivos políticos prioritários, a independência nacional e a construção duma nova sociedade democrática e socialista é meu propósito, fazer do Exército uma força apartidária, consciente e decididamente ao serviço do povo e da revolução democrática e socialista portuguesa, conferir à totalidade do Exército, a disciplina, a coesão e a eficiência técnica indispensáveis à operacionalidade exigida pela defesa intransigente da revolução e da independência Nacional. Fazer do Exército uma instituição nacionalmente prestigiada, intimamente ligada ao povo que deve servir. Para a consecução de tais propósitos conto com a ação interessada de todos os militares, mas muito em particular com os do quadro permanente, a estes, sejam oficiais, sargentos ou praças, cabe papel relevante na continuidade da exigência do Exército, já que neles empenham as funções de maior responsabilidade e nele devem ser exemplo a seguir no cumprimento de todas as missões patrióticas e revolucionárias que cabem ao Exército, a eles cabe privilegiadamente a defesa da integridade do Exército, por sua vez indispensável para garantir a independência nacional  e as liberdades do povo português.28m38: Vamos agora falar de burguesia, julgamos oportuno abordar este tema, pois, todos nós estamos fartos e mais que fartos de ouvir dizer coisas, sobre burguesia desde os começos da nossa revolução sem, contudo, muitos de nós, termos ideias claras, sobre o assunto.