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Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 5 (I), Trilha 1): Diferenças salariais entre setores e regiões. Intervenção do general Costa Gomes e de Vasco Lourenço.

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Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 5 (I), Trilha 1): Diferenças salariais entre setores e regiões. Intervenção do general Costa Gomes e de Vasco Lourenço.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Documento simples   Documento simples

Código de referência

PT/ADN/EMGFA/5DIV/022/011

Título

Programa de Intervenção Social realizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) (Programa 5 (I), Trilha 1): Diferenças salariais entre setores e regiões. Intervenção do general Costa Gomes e de Vasco Lourenço.

Datas de produção

1975  a  1975 

Dimensão e suporte

1 ficheiro áudio MP4, 30m52.

Registo audiovisual

https://vimeo.com/1085447419

Âmbito e conteúdo

Programa que aborda a existência de grandes diferenças salariais entre sectores e regiões que devem ser corrigidas, e da necessidade de serem adotadas a nível nacional uma política norteada pelo princípio socialista de retribuição a cada um, segundo o seu trabalho. Intervenção do General Costa Gomes, onde aborda os temas da Guerra Colonial, desagregação das Forças Armadas, infiltração de Forças Políticas nas Forças Armadas, 25 de Novembro, reestruturação das Forças Armadas, pressões vindas do exterior, espírito do MFA (mais justiça social, mais distribuição equitativa da riqueza) e intervenção de Vasco Lourenço quando assume o Comando da Região Militar de Lisboa. As várias temáticas abordadas são intercaladas com música.

Cota antiga

P5P1

Idioma e escrita

Português

Existência e localização de originais

Áudio analógico (em fita de arrasto).

Existência e localização de cópias

Ficheiros digitais WAP (matriz), MP3 e MP4 (derivadas).

Transcrição

Estado Maior General das Forças Armadas. Aos domingos e por intermédio da rede metropolitana da Emissora Nacional aparece este programa de intervenção social, realizado por uma equipa e sob incumbência do Estado Maior General das Forças Armadas. Este programa acontece entre as nove e as onze da manhã, aparece logo a seguir ao jornal da manhã da Emissora Nacional. Através das nossas vozes e da música que por aqui vai passar, o MFA dá os bons dias aos militares aos portugueses.03m06: Existem e tendem a acentuar-se grandes diferenciações salariais, entre setores e regiões, que há que corrigir, importando a nível nacional adotar uma política norteada pelo princípio socialista de retribuição a cada um segundo o seu trabalho. Esta citação, de que falaremos um pouco mais adiante neste mesmo programa, é retirada de um documento produzido pelo Estado Maior General das Forças Armadas em plena crise vivida na região militar de Lisboa, a partir de 25 de Novembro.05m38: Ao longo destes dezanove meses agitados da nossa revolução, o MFA continua a dar provas de força e capacidade para manter vivo o espírito original do 25 de Abril e expulsar todos aqueles que ousem atraiçoar esse mesmo espírito. Foi assim na crise do primeiro governo provisório, também conhecida pela crise Palma Carlos, foi assim na luta contra Spínola no processo de descolonização, foi de novo assim, no 28 de Setembro, continuou a ser assim no 11 de Março. E agora mais uma vez foi também assim no 25 de Novembro.07m32: (General Costa Gomes) Ainda é cedo para fazermos uma análise profunda das causas que fizeram deflagrar esse movimento subversivo, mas podemos sem qualquer espécie de dúvida afirmar que entre as causas remotas está, estão certas causas que se relacionam com a Guerra Colonial e com a subsequente desagregação que as Forças Armadas sofreram e entre as causas próximas está a infiltração que determinadas forças políticas fizeram nas Forças Armadas, quer nas suas bases, isto é, nas praças e nos soldados, quer até nos seus quadros permanentes, nos sargentos e oficiais, essas, essa deterioração e essas infiltrações, tornaram as Forças Armadas alvo e uma força capaz de desencadear ações que punham em causa a tranquilidade, a paz e o sossego desta Nação. 25 de Novembro veio provar à evidência que necessitávamos de operar uma reestruturação profunda nas Forças Armadas, quer nos serviços, quer nas unidades, quer nos comandos. Todos os Chefes Militares têm que estar precavidos contra determinadas pressões que nos veem do exterior. Neste País, toda a gente sabe imenso de assuntos militares e todos pensam que estão aptos a indicar aos Chefes Militares a forma como devem organizar as suas forças e como devem exercer os seus comandos, tanto antes como, sobretudo, depois de 25 de Novembro, tenho recebido imensos telegramas e imensas moções indicando-me a forma como as Forças Armadas devem proceder após esta sublevação do 25 de Novembro, advertindo que todos nós podemos neste País da democracia, de plena democracia, expandir as nossas ideias, não posso deixar de lembrar que naturalmente, os partidos, os sindicatos, as comissões de fábricas ou de trabalhadores, ficariam, certamente, muito admirados se nós nos imiscuíssemos nos problemas específicos de cada um destes organismos e impuséssemos ou exigíssemos, como agora é se soe dizer, que determinados organismos tivessem por nossa livre e auto-recriação, que ter uma determinada estrutura ou que ter uma determinada direção, eu peço portanto, a todos os que me escutam, que deixem aos militares, livremente e sem coações, resolver os seus problemas, todos nós só pretendemos, que neste País, haja mais justiça social, mais, uma distribuição mais equitativa da riqueza, umas possibilidades que sejam semelhantes ou iguais para todos os Portugueses.12m38: Muitas forças políticas tentaram, durante estes dezanove meses, destruir o espírito e a unidade do Movimento dos Capitães. Algumas dessas forças políticas, de direita e de esquerda, foram mesmo ao ponto de gritar aos sete ventos que o MFA tinha morrido, que o que restava dele deveria regressar aos quartéis, queriam à viva força transformar os seus desejos em realidades, esquecendo por completo que os homens do 25 de Abril tiveram capacidade e energia para, sem tiros, derrubar o velho fascismo português, objetivo que essas forças políticas não puderam ou não tiveram capacidade para atingir. 14m26: Não é do pé para a mão, que se mata ou se deseja matar, a força e o ideal que nortearam os Capitães de Abril, apesar de todas as campanhas orquestradas pelas forças efetivamente contrarrevolucionárias sustentadas na mentira, no ódio, na fraude, no boato, pouco conseguiram de concreto no caminho que pretendiam atingir o poder, o poder a qualquer preço, sem diálogo, objetivado na prática golpista da contrarrevolução.17m29: Nós perguntamos, desde quando é que via socialista da emancipação dos trabalhadores, de todos os explorados, escolhe o campo fraudulento do golpe, da calúnia, do terror, do boato? Aqueles que tiveram o cuidado e o trabalho de estudar e interpretar as lutas conduzidas pelos trabalhadores, sabem que não é esse o seu terreno de ação, o campo de ação de novo escolhido no 25 de Novembro estava do lado das minorias pseudorrevolucionárias, não do lado das massas trabalhadoras. Foi por isso que o MFA não teve dificuldades em dominar mais este golpe, é que na prática, nem operários, nem camponeses, nem soldados, alinharam nessa aventura e não alinharam porque não era com eles, nada disso lhes dizia respeito, esses falsos revolucionários continuam convencidos de que os trabalhadores não sabem pensar e que podem ser instrumentalizados a seu belo prazer, enganaram-se, mais uma vez, por essas razões o MFA não morreu, e não morrerá enquanto continuar a ser o espelho de todos os explorados, isto é, como se sabe o espírito do MFA de antes e depois do 25 de novembro, materializado no apartidarismo. A chama do 25 de Abril do MFA manter-se-á viva enquanto a dinâmica do processo revolucionário assim o exigir, será como que o reflexo dos interesses das classes trabalhadoras em face das deficiências das propostas partidárias.20m31: (Membro do Conselho da Revolução) É minha opinião, Vasco Lourenço, é bem o símbolo militar desta revolução, muito em particular no que se reporta à sua determinação em se manter fiel ao espírito do 25 de abril e ao apartidarismo militante que a deve tornar verdadeira e operativamente nacional.21m07: (Vasco Lourenço) Penso serem já sobejamente conhecidas, do povo português, as minhas ideias políticas, que julgo estarem numa linha coerente, mantido ao longo de todo o processo revolucionário português. Nesse sentido, considero, portanto, desnecessário alargar-me em considerações sobre o assunto, desejando afirmar, no entanto, que estou absolutamente disposto a manter a mesma conduta e que considero ser a da linha política do atual Conselho da Revolução, que conforme os acontecimentos do 25 de Novembro demonstraram, reflete a vontade da esmagadora maioria do povo português. Não quero, no entanto, deixar de ter uma palavra para as organizações unitárias de base, sobre as quais tenho expressado por vezes as minhas opiniões, afirmando desde já que a Região Militar de Lisboa está na firme disposição de as apoiar, em realizações concretas encaradas, que sejam sob o seu verdadeiro papel, tornando-se necessário a urgente revisão da sua organização, no sentido de que as mesmas reflitam uma autêntica democracia direta e não sejam comprometidas e utilizadas por forças partidárias, nem sirvam no contacto com as unidades, como veículo de política partidária ou desagregação dessas mesmas unidades que possam levar a situações semelhantes às vividas no 25 de Novembro. Neste sentido, quero afirmar desde já, que a Região Militar de Lisboa servirá a política da construção de uma verdadeira sociedade socialista encarando as consequências do 25 de Novembro de 75, não como o fim do processo revolucionário em curso, mas sim no retomar de um caminho que certas forças há já algum tempo vinham a tentar desviar do seu verdadeiro sentido, frisando, no entanto, que embora combatendo certos elementos no golpe de 25 de Novembro não esquecemos que os principais inimigos da revolução portuguesa são e serão os saudosistas do 24 de Abril de 74. Toda esta situação constitui, como já atrás referi, uma enorme responsabilidade que se transformará num imenso monte de trabalhos. Quero, no entanto, salientar desde já, sem pretender de modo algum abdicar das responsabilidades que pessoalmente me cabem, considero que tudo terá que passar por um trabalho de equipe quer a nível de quartel general, quer a nível de unidades ou estabelecimentos militares, que terão que ir do Comandante da região ao mais simples dos soldados, tendo a certeza de que assim que terá de ser, é com esse espírito que assumo o Comando da Região Militar de Lisboa, estando certo de que todos os militares ou civis que pertençam à mesma, acabarão por constituir uma família que trabalhe em perfeita sintonia, só se for possível criar uma verdadeira e profunda confiança entre todos poderemos enfrentar os problemas que antecipadamente sabemos serem muitos e difíceis que nos surgirão. Em todas as ações que tenho desenvolvido, ao longo da minha vida, tenho procurado encarar sempre todos os problemas de frente, com honestidade e lealdade, quer para com os meus chefes, quer para com os meus subordinados, penso que só assim será possível comandar ou ser comandado, portando, e dentro deste espírito, conto desde já, com um comportamento igual de todos os que comigo passarão a servir na Região Militar de Lisboa. Embora, por vezes, seja muito mais embaraçoso e crie mais problemas, sempre defendi que há que ter a coragem de dizermos abertamente tudo o que pensamos, ainda que sob um aspeto crítico, do que andar a dizê-lo nas costas das pessoas, nos gabinetes, corredores ou salas de convívio. Neste sentido, afirmo a minha firme disposição em colocar ao serviço das minhas novas funções, toda a minha capacidade e militância, de forma a obter os resultados que melhor sirvam a Região Militar de Lisboa e, portanto, a revolução portuguesa, no caminho que estamos percorrendo e desejamos nos leve a uma verdadeira sociedade socialista.25m42: Os partidos políticos têm a tarefa imediata de repensar as táticas que eles ofereceram até agora à revolução, ao nosso povo e não só repensar as táticas, como refletir sobre elas seriamente, mas depressa, muito depressa, quer dizer mudar de vida.26m57: Até ao momento, tem havido mais destruição do que construção, o país herdou a penúria e continua nela, o povo continua a esperar, é urgente encarar a realidade, fazer o balanço daquilo que somos, do que temos, do que podemos, numa palavra, unir esforços e atuar no sentido de lançar as bases de uma nova sociedade, que aponte claramente para uma autêntica emancipação dos trabalhadores, mas feita por eles próprios.28m37: Os partidos já demonstraram, ao longo de dezanove meses, saber lutar pelo poder, provaram que sabem dividir e destruir. Esperamos ainda que não incorram no erro de sob a capa da caça às bruxas, repetir golpismos de outros, adulterando, deste modo, qualquer esperança no socialismo e na democracia. Esperamos agora que os partidos, ao mudarem definitivamente de rumo, saibam unir, construir. As massas trabalhadoras exigem-no, o MFA também.30m41: Escutam o programa do Estado maior General das Forças Armadas, transmitido através da Emissora Nacional.